A Dimensão Educativa da Dança

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A dimensão educativa da dança tem por finalidade cumprir os objetivos educacionais mais genéricos,

como seja a aquisição da autonomia e a capacidade de resolução de problemas. Utiliza a dança não como um fim em si mesma, mas como mais um meio de contribuir para a formação genérica, particularmente daqueles que não vão ser bailarinos. A população-alvo é toda a população escolar e as instituições preferenciais são as escolas, com a sua integração nos curricula genéricos, ou sob a forma de atividades extracurriculares. Para ser educação a dança precisa, entre outras coisas, de um professor (um instrutor não chega), de conteúdos programáticos, de avaliação. De ser um ato consciente, planeado, organizado e com finalidades educativas claras.

Esta questão é importante porque não se pode confundir com a animação ou dimensão lúdica da dança. Nem com as dimensões artística ou terapêutica. Se por exemplo, um professor na escola, que tem um programa de dança para cumprir, no contexto da disciplina de Educação Física, coloca uma musiquinha no ar e diz aos alunos apenas para se expressarem ou para criarem... e espera que o tempo letivo escorra paulatinamente... Aquilo que uma vez designei por professor DJ... Em que dimensão é que o colocamos? Animação ou Educação? A coisa até pode resultar uma vez ou outra, porque conheço bem a vantagem do ludismo na aprendizagem, mas educação será com certeza outra coisa! E não tem de ser mais chato ou menos chato, dá é mais trabalho ao professor. Tem de preparar as frases de movimento, as condições de aprendizagem, encontrar estímulos que motivem toda a turma, na maior parte dos casos investir numa área de formação em que tem grandes lacunas na sua formação inicial. Ao contrário de um professor que uma vez me disse que na escola está tudo bem, a única chatice são os alunos... o problema parece estar mesmo do lado dos professores que pensam assim.

Ora bem, colocar a musiquinha é chutar para o lado, é fazer de animador em vez de professor, é não perceber o potencial educativo da dança para aqueles que não vão ser bailarinos mas engenheiros, arquitetos e outras profissões com mais futuro do que estas. É não perceber que a educação física só tem a ganhar se introduzir a dança como uma das suas principais referências. As capacidades coordenativas, nomeadamente o ritmo e o equilíbrio, a postura e as técnicas corporais que são património da dança devem estar ao serviço da educação física, se a finalidade desta disciplina for mesmo educar alguém corporalmente. Duvido que o consigam fazer sem o contributo da dança.

Mas a dança na escola não se deve resumir ao contexto da educação física, existem muitas outras possibilidades, mais ou menos formais, de aproveitar o potencial educativo da dança, a sua possibilidade de ser um fio condutor para abordagens multidisciplinares e transdisciplinares, cruzando conteúdos que passam pela educação musical, a matemática, as artes plásticas, a língua portuguesa e quase todas as outras disciplinas do currículo.